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sexta-feira, 19 de outubro de 2012

OS VAMPIROS - MEMÓRIAS DE INFÂNCIA (2)


Em cima da tampa do poço, de pedra, o meu tio tinha posto o pesado gravador de bobinas provavelmente tecnologia de ponta para aquele início da década de 70.
A energia provinha da tomada do motor do poço e as laranjeiras faziam um sombra frondosa.
O menino olhava atento, e encantado, toda aquela “delicada”, manobra de pôr o gravador a funcionar, até a bobina debitar som. Era um menino curioso das tecnologias e de tudo o que era novidade.
Por fim a pesada máquina lá começava a debitar música e a minha tia numa atitude assertiva e cautelosa diz para o meu tio: põe mais baixo que se ouve na estrada!
O menino ainda não entendia porque aquela canção não se podia ouvir na estrada. Provavelmente nem entendia nada daquela letra que falava de vampiros que sugam o sangue fresco da manada.
Mas não tardou que o menino crescesse, conhecesse, e entendesse aquela canção muito bem.
Hoje quando a ouve ainda sente um arrepio na "espinha" e lembra-se, sempre, daquela memória de infância.
Hoje o menino / homem já compreende muita coisa e já deixou de compreender muitas outras mas sabe que eles estão ai de novo os VAMPIROS, mandadores sem lei.
Já a canção avisava: e se alguém lhes franqueia as portas à chegada...
Foi o que aconteceu, franquearam-lhe as portas e o resultado está à vista de todos.


sábado, 22 de setembro de 2012

DESCIDA AO PARAÍSO - MEMÓRIAS DE INFÂNCIA (1)

O acaso das relações familiares levaram-me a um contacto profundo com a zona de Sintra, à sua Serra e às suas praias, na minha infância.
Tinha um familiar com casa em Almoçageme, nomeadamente a avó do meu ex-padrasto.
Houve uma altura em que o meus fins de semana de criança penderam para essa bela zona, depois começaram a dividir-se entre Sintra e o Ribatejo, também devido a laços familiares.
Sintra foi ficando para trás e o Ribatejo foi tomando espaço na minha vida, até que, novamente, as relações familiares, ou melhor um corte nas mesmas e uma mudança na vida da minha mãe, me provocaram a separação definitiva com Almoçageme e o Ribatejo tomou de tal maneira espaço na vida que aos 30 anos larguei a cidade que me viu nascer (Lisboa) e “exilei-me” aqui, onde ainda hoje estou.
Das muitas memórias que guardo de Sintra, uma das mais fortes, é a dos passeios que efectuávamos em família à Praia da Ursa.
A Praia da Ursa situa-se junto ao Cabo da Roca e é uma praia selvagem  e bela, de aceso bastante complicado e exigindo alguma destreza física, e cuidado, para lá se chegar abaixo.
Das minhas memórias de infância recordo as dificuldades que a família enfrentava para aceder á praia, em particular a minha tia e a minha mãe.
Para uma criança de 8 ou 9 anos aquilo era uma grande e difícil aventura plenamente compensada por aquela praia deserta e bela que parecia um pedaço do paraíso.
Já em adulto, enquanto esperava pelo término de um Grande Prémio do Fim da Europa, vi aquela placa a dizer “Praia da Ursa” e não hesitei em arriscar ir lá novamente.
Se a memória que tenho dessa descida (que já foi há uns anos) é de algo muito mais fácil que a grande aventura familiar de infância, a beleza dessa praia manteve-se inalterada em relação as minhas recordações de menino.
Como a vida é um círculo espero voltar à Praia da Ursa, mas desta vez integrando o percurso num dos meus treinos de corrida, aproveitando para apurar a forma para as provas de montanha.
As imagens que se seguem foram captadas pelo meu tio, num desses dias felizes, da grande aventura familiar que era ir à Ursa no final da década de 60 (1968 ou 69).

terça-feira, 18 de setembro de 2012

PRAIA DA URSA


PRAIA DA URSA


Fundir-me no teu corpo numa simbiose perfeita
de algas e mar.
Sorver dos teus lábios o fugaz néctar da
felicidade eterna.
Parar o mundo por longos instantes.
Eleger-te rainha, deusa, lei divina.
Enterrar fundo os medos e oferecer-te os oceanos
e as montanhas do mundo.
Esquecer-me de mim em ti.
Abandonar-me em ti, ai tão perdido, tão achado.
Destruir as fronteiras e países.
Juntar tudo no teu corpo de fada.
No teu corpo de sal.
Juntar tudo na fraternidade universal.
AMAR.
Jorge Branco, Muge, 21 de Junho de 1996

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

FOTOS DA MINHA AUTORIA EXPOSTAS NA FESTA DO AVANTE

Tive o grato prazer de ver seleccionadas duas fotos da minha autoria para a exposição que decorreu durante a Festa do Avante e subordinada ao tema “O TRABALHO E OS TRABALHADORES”.

Foi um privilégio para este eterno aprendiz de fotógrafo ver ali dois trabalhos seus, ao lado de excelentes fotos, algumas de fotógrafos consagrados,  que sempre admirei muito.
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Este espaço tem andado muito abandonado. Tem sido preterido em favor do irmão mais velho, o “Último Quilómetro”, que é um blogue dedicado à minha grande paixão, a corrida.
Não é fácil “alimentar” este blogue, em especial devido ao seu caracter mais intimista.
Mas prometo que vou tentar dar novo fôlego a este espaço, assim como voltar a pegar mais na máquina fotográfica, embora para se fotografar sejam necessárias algumas condições, a começar pela mais óbvia, que é uma máquina de “jeito” (coisa que de momento não possuo) e a possibilidade de fazer deslocações, pois vivendo numa pequena vila depressa se esgotam os motivos susceptíveis de terem interesse do ponto de vista fotográfico.
Mas vou tentar dar a volta a estas situações, no sentido de fazer novas fotos e não ter apenas antigas fotos de arquivo para publicar neste espaço.
São situações difíceis de contornar para um desempregado de longa duração, mas há que não baixar os braços e lutar!