O menino, um menino adulto de barba em desalinho e olhos tristes, tenta escrever qualquer coisa.
Tem a mesma insegurança de há anos atrás, quando timidamente escrevia: “Querido Pai Natal...”
O menino, um menino adulto, agarra-se à fragilidade das letras como se de um bom refúgio se tratasse. E o menino, um menino de quase 20 anos, recorda-se de quando saltava para o quintal da vizinha em busca do seu mundo.
É uma criança difícil, diziam; é um jovem estranho dizem.
Mas o menino, um menino que brinca com o mundo, esconde-se atrás das letras como se fossem o armário de há anos.
Tem o seu mundo impenetrável como um labirinto onde os outros adultos - não meninos - jamais penetram.
O menino, um menino que não acredita em anos internacionais, já não tem medo dos castigos, mas escreve com a mesma impressão de quando fazia as suas travessuras.
O menino, um menino triste, recusa-se a pensar que amanhã tem exame da primeira classe e continua com o olhar esquecido em qualquer barco de papel...
O menino tem medo, medo da sociedade como o teve da senhora que dava a pica.
O menino, um menino adulto, recusa-se a entender essa estranha linguagem dos adultos.
O menino, um menino adulto, escreve à máquina numa linguagem triste da mesma forma que no seu primeiro caderno escolar riscara esta palavra, misto de revolta e orgulho: JORGE. O menino vive!
Tem a mesma insegurança de há anos atrás, quando timidamente escrevia: “Querido Pai Natal...”
O menino, um menino adulto, agarra-se à fragilidade das letras como se de um bom refúgio se tratasse. E o menino, um menino de quase 20 anos, recorda-se de quando saltava para o quintal da vizinha em busca do seu mundo.
É uma criança difícil, diziam; é um jovem estranho dizem.
Mas o menino, um menino que brinca com o mundo, esconde-se atrás das letras como se fossem o armário de há anos.
Tem o seu mundo impenetrável como um labirinto onde os outros adultos - não meninos - jamais penetram.
O menino, um menino que não acredita em anos internacionais, já não tem medo dos castigos, mas escreve com a mesma impressão de quando fazia as suas travessuras.
O menino, um menino triste, recusa-se a pensar que amanhã tem exame da primeira classe e continua com o olhar esquecido em qualquer barco de papel...
O menino tem medo, medo da sociedade como o teve da senhora que dava a pica.
O menino, um menino adulto, recusa-se a entender essa estranha linguagem dos adultos.
O menino, um menino adulto, escreve à máquina numa linguagem triste da mesma forma que no seu primeiro caderno escolar riscara esta palavra, misto de revolta e orgulho: JORGE. O menino vive!
28 de Março de 1980
Muito bonito e sentido!
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