Em cima da tampa do poço, de
pedra, o meu tio tinha posto o pesado gravador de bobinas provavelmente
tecnologia de ponta para aquele início da década de 70.
A energia provinha da tomada do
motor do poço e as laranjeiras faziam um sombra frondosa.
O menino olhava atento, e
encantado, toda aquela “delicada”, manobra de pôr o gravador a funcionar, até a
bobina debitar som. Era um menino curioso das tecnologias e de tudo o que era
novidade.
Por fim a pesada máquina lá começava
a debitar música e a minha tia numa atitude assertiva e cautelosa diz para o
meu tio: põe mais baixo que se ouve na estrada!
O menino ainda não entendia
porque aquela canção não se podia ouvir na estrada. Provavelmente nem entendia
nada daquela letra que falava de vampiros que sugam o sangue fresco da manada.
Mas não tardou que o menino
crescesse, conhecesse, e entendesse aquela canção muito bem.
Hoje quando a ouve ainda sente um
arrepio na "espinha" e lembra-se, sempre, daquela memória de infância.
Hoje o menino / homem já
compreende muita coisa e já deixou de compreender muitas outras mas sabe que
eles estão ai de novo os VAMPIROS, mandadores sem lei.
Já a canção avisava: e se alguém
lhes franqueia as portas à chegada...
Foi o que aconteceu,
franquearam-lhe as portas e o resultado está à vista de todos.